Organização Mundial de Saúde (OMS)
Fatores de Risco para a Saúde
TABAGISMO
O controle do tabagismo representa um importante componente estratégico para a redução da morbimortalidade por câncer e outras doenças crônicas não transmissíveis. Atualmente sabe-se que 25 doenças diferentes estão relacionadas ao tabagismo, sendo, por isso, considerado pela Organização Mundial de Saúde como um dos mais graves problemas de saúde pública no mundo. Ao consumo dos derivados do tabaco estão atribuídas entre outras:
- 30% das mortes por câncer;
- 45% das mortes por doença coronariana;
- 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica;
- 25% das mortes por doença cérebro-vascular.
Considerado durante muitos anos como uma opção por um estilo de vida, hoje o Tabagismo é reconhecido pela ciência como uma doença causada pela dependência de uma droga, a nicotina. É essa dependência que leva milhões de pessoas a passarem anos se expondo a mais de 4.700 substâncias tóxicas que causam graves doenças incapacitantes e fatais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano morrem cerca de 5 milhões de pessoas em todo o mundo devido ao consumo de tabaco. A OMS também estima que, se a atual tendência de consumo for mantida nos próximos 30 a 40 anos, quando os fumantes jovens de hoje atingirem a meia idade, a epidemia tabagística será responsável por 10 milhões de mortes por ano, sendo que 70% delas ocorrerão em países em desenvolvimento (WHO, 1999).
Também alarmantes são as tendências de consumo entre crianças e adolescentes. Segundo dados do Banco Mundial, quase 100 mil jovens começam a fumar no mundo inteiro. Destes, mais de 80 mil são jovens de países em desenvolvimento. A idade média de iniciação no tabagismo é 15 anos, o que fez com que a OMS passasse a considerar uma doença pediátrica (World Bank, 1999).
O Programa Nacional de Controle do Tabagismo, desde 1989 sob a ótica da Promoção da Saúde, já mostra resultados positivos, como a redução do consumo per capita de cigarros em 42% entre 1980 e 2003 e uma queda importante na prevalência de fumantes no País, passando de 32% em 1989 para 18,8% em 2003.
Essa mudança de cenário pode ser justificada pela descentralização do Programa para os municípios através de ações educativas, legislativas e econômicas fortalecendo essa rede de parcerias com articulações com organizações da sociedade civil, potencializando o controle social.
Sergipe
As ações educativas envolvem dois níveis básicos de atuação que são as ações pontuais e as ações contínuas, através das Escolas, das Unidades de Saúde e dos Ambientes de Trabalho. Em Sergipe, o Programa tem sido reiteradamente implementado nos municípios, devido a grande rotatividade dos profissionais principalmente das Equipes de Saúde da Família – PSF.
O Programa de Abordagem e Tratamento do Fumante já foi implantado em 12 municípios do Estado tendo como pré - requisito a capacitação dos profissionais. Desse modo, estamos garantindo o acesso do usuário, que deseja parar de fumar, às unidades de saúde da atenção básica, de média e de alta complexidade, oferecendo o que há de mais eficaz em termos de cessação do tabagismo.
Entre os diversos desafios a serem ainda enfrentados temos a ampliação de ações para a promoção de ambientes livres de tabaco para o cumprimento da Lei Federal 9.294/96 que proíbe fumar em ambientes coletivos e fechados, sendo da competência das vigilâncias sanitárias municipais a sua fiscalização e aplicação das penalidades em caso de infração.
Para o fortalecimento dessas ações o Programa Estadual já ampliou sua parceria com o Ministério Público do Estado de Sergipe, PROCON, Coordenações de Saúde do Trabalhador e Vigilâncias Sanitárias desencadeando várias ações junto aos bares, restaurantes, supermercados e hipermercados, shoppings e casas de show.
O desenvolvimento de estratégias de monitoramento e vigilância é fundamental para a continuidade e o aprimoramento de todas as ações para alcançar níveis justos de qualidade de vida, da preservação do meio-ambiente, dos direitos das crianças e, conforme aponta a Constituição da OMS, da saúde como um direito humano fundamental.
ALIMENTAÇÃO
A alimentação inadequada é um dos diversos fatores de risco para as Doenças Crônicas Não-transmissíveis (DCNT). Estudos mostraram que aproximadamente 75% dos casos novos de doenças cardiovasculares ocorridos no mundo, entre as décadas de 70 e 80, poderiam ser explicados por dieta e atividade física inadequadas. Projeções para as próximas décadas apontam um crescimento das DCNT, determinados principalmente pelo aumento da exposição aos fatores de risco, dentre eles a alimentação inadequada.
Segundo estimativas globais da OMS, o insuficiente consumo de frutas e hortaliças são responsáveis anualmente por 2,7 milhões de mortes, 31% das doenças isquêmicas do coração, 11% das doenças cérebro vascular e 19% dos cânceres gastrintestinais. As dislipidemias são causadas na maioria das vezes, pelo consumo excessivo de gorduras saturadas de animais, determinantes de 4,4 milhões de mortes no mundo todo.
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
A Hipertensão Arterial Sistêmica é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de Doenças Cardiovasculares, Cerebrovasculares e Renais. De acordo com o Ministério da Saúde, ela é responsável por aproximadamente 40% das mortes por Acidente Vascular Cerebral, 25% das mortes por Doença Arterial Coronariana, 50% dos casos de Insuficiência Renal terminal, associada a Diabetes Mellitus.
É uma doença silenciosa, muitas vezes sem nenhum sintoma e está associada a fatores como sedentarismo, alimentação inadequada, obesidade, tabagismo e uso excessivo de álcool. Estima-se que no Brasil, na população urbana adulta, a prevalência de Hipertensão Arterial é de 22,3% à 43,9%, de acordo com a região. São cerca de 17 milhões de portadores, 35% da população com 40 anos ou mais.
Em Sergipe, estima-se que existam atualmente 162,5 mil hipertensos, sendo que aproximadamente 70% deles estão sendo acompanhados pelos Programas de Saúde da Família e constam do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB).
ALTAS TAXAS DE LIPÍDIOS NO SANGUE
De acordo com a IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia, nos últimos 30 anos houve um declínio da mortalidade por causas cardiovasculares em países desenvolvidos. Porém, têm ocorrido elevações relativamente rápidas e substanciais nos países em desenvolvimento, como o Brasil. A Organização Mundial de Saúde prevê que esta tendência deve se manter, agravando ainda mais o quadro de morbimortalidade nesses países.
Em Sergipe as Doenças do Aparelho Circulatório são responsáveis por uma crescente taxa de mortalidade. De acordo com avaliação de uma série histórica dos últimos 5 anos baseada nos registros do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), em 2002 essa taxa era de 107,15/100 mil habitantes. Nos anos seguintes, observamos um crescimento substancial, atingindo 134,57/100 mil habitantes em 2005 e 126,20/100 mil habitantes em 2006.
Diversos fatores de risco contribuem para a manutenção desse quadro, como: tabagismo, hipertensão, obesidade, sedentarismo e altas taxas de lipídio no sangue. Os níveis séricos de colesterol total foram avaliados em 1998 no Brasil, através de estudo em nove capitais em indivíduos com idade média de 35 anos. O resultado mostrou que 38% dos homens e 42% das mulheres possuem Colesterol total maior que 200mg/dl.
É necessário que haja uma mudança de hábitos de vida com adoção de terapia nutricional, atividade física regular, cessação do tabagismo entre outras medidas de prevenção e tratamento.
OBESIDADE
A obesidade é um dos fatores de maior risco para as doenças e agravos não transmissíveis, destacando-se as cardiovasculares e Diabetes Mellitus, doenças essas que vêm aumentando e que é a principal causa de mortalidade em adultos no Brasil. Estudos mostram que o Diabetes Mellitus e a Hipertensão Arterial ocorrem 2,9 vezes mais freqüentes em indivíduos obesos do que naqueles com peso adequado e que o indivíduo obeso tem 1,5 vezes mais propensão a apresentar triglicérides e colesterol mais elevados (WAITZBERG,2000).
O crescimento do número de casos de sobrepeso e obesidade nas últimas décadas tem revelado um quadro epidemiológico preocupante acerca do grupo de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT). A obesidade, integrante deste grupo, é um recente problema de saúde pública no Brasil.
Com aumento progressivo das doenças crônicas não transmissíveis, existe uma preocupação quanto ao aumento crescente dos índices de sobrepeso e obesidade infantil. Isto se deve principalmente à introdução precoce e inadequada de alimentos levando a formação de hábitos alimentares não saudáveis. Porém ainda não são suficientes os estudos que abordem o sobrepeso em crianças da área rural do Brasil (Ministério da Saúde, 2002).
A população adulta brasileira também vem apresentando um aumento importante na prevalência de excesso de peso. De acordo com os dados do inquérito nacional (Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, 1989), cerca de 32% dos adultos brasileiros apresentam algum grau de excesso de peso, destes 6,8 milhões de indivíduos (8%) possuem obesidade, com predomínio entre as mulheres (70%).
A prevalência ainda se acentua com a idade, atingindo um valor maior na faixa etária de 45 – 54 anos (37% entre homens e 55% entre mulheres). Nesta análise, observamos claramente o processo de transição nutricional que revela a coexistência tanto a desnutrição como o sobrepeso, obesidade, indicando o novo perfil epidemiológico do país.
Os resultados da PNDS (Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, 1996), também demonstraram que 35% das mulheres pesquisadas estavam com o IMC acima do normal e neste percentual quase 10% se enquadram na categoria de mulheres obesas. O excesso de peso tem conseqüências deletérias à saúde sendo fator de risco para uma serie de doenças como; diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas articulares e certos tipos de câncer.
O aumento da prevalência da obesidade no Brasil se torna ainda mais relevante, ao considerar que este aumento, apesar de estar distribuído em todas as regiões do país e nos diferentes estratos sócio-econômicos da população, é proporcionalmente mais elevado nas famílias de baixa renda.
Esses dados demonstram a importância desse agravo na saúde pública do Brasil. A promoção da saúde, processo que envolve a comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida deve ser construída através de políticas públicas que incentivem a difusão de informações, promovam práticas educativas e motivem o indivíduo a adotar práticas saudáveis como alimentação saudável e atividade física.
SEDENTARISMO
De acordo com o Ministério da Saúde, a cada ano, mais de 2 milhões de mortes em todo o mundo, são atribuídas à inatividade física e demais fatores de risco ligados ao estilo de vida, decorrentes de enfermidades e incapacidades causadas pelas Doenças Crônicas Não Transmissíveis.
O sedentarismo é um dos fatores de risco mais importantes para essas doenças, associado à dieta e uso de fumo. Além do sofrimento pessoal, representa um significativo custo econômico em conseqüência das inúmeras seqüelas.
A atividade física trás inúmeros benefícios como: redução de morte por doenças cardiovasculares, redução do desenvolvimento de diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer, melhora da saúde mental, óssea, articulação, controle do peso, entre tantos outros.
Uma pesquisa do Ministério da Saúde realizada em 2006 aponta que a população adulta mais ativa está entre 18 e 24 anos no sexo masculino, e 25 a 44 anos no sexo feminino. O percentual de inativos fisicamente entre os adultos aumenta à medida que aumentam a escolaridade, em ambos os sexos.
A inatividade física foi duas vezes maior nos homens (39,8%) do que em mulheres (20,1%). Entre os idosos esse percentual é de 65,4% no sexo masculino e 50,3% no sexo feminino. Em Aracaju, capital de Sergipe, 40,9% da população masculina adulta é fisicamente inativa. Esse percentual cai para 26,5% no sexo feminino.
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, vem incentivando a realização de projetos de incentivo a prática corporal e atividade física em Municípios e Estados. Em 2006, nove municípios de Sergipe foram contemplados com recursos financeiros, a partir de projetos selecionados pelo Ministério da Saúde. Foram eles: Macambira, Boquim, Lagarto, Salgado, Aracaju, Cumbe, Campo do Brito, Capela e Tobias Barreto.
http://www.saude.se.gov.br/cidadao/index.php?act=interna&secao=111
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